Introdução à Percepção Unitária
Universidade de Guadalajara
2 de Fevereiro de 2006
Dr. Ruben Feldman González
A humanidade redescobre, em pleno século 20, a Percepção Unitária, graças a Jiddu Krishnamurti e aos diálogos que manteve este que escreve com ele e com o Prof. David Bohm durante mais de 10 anos, desde Março de 1975.
O que se recupera, para aquele que estude seriamente este tema, é uma função cerebral sem uso por quase 800 mil anos.
Trata-se do completo despertar, que ocorre depois de um individuo despertar do sono.
Já desperto, o individuo tem acesso potencial a um segundo e completo despertar (dentro da vigília consciente), que é a mais completa encarnação no próprio corpo.
Este completo despertar, esta completa encarnação consciente, no próprio corpo, é a Percepção Unitária.
Nessa década de diálogos com Jiddu Krishnamurti e David Bohm, chamamos-lhe inicialmente “Consciência Triangular”.
A Observação intensa torna irrelevantes o Observado e o Observador.
Quando compreendemos que essa intensa observação é o mais importante da consciência, então chamamos-lhe Percepção Unitária, algo que é, epistemológicamente, mais correcto.
A palavra consciência não tem uma definição sólida na Psicologia actual.
A teoria da consciência é fragmentada e confusa, porque a linguagem limita e distorce a consciência.
Todavia confundem-se com a palavra consciência, as palavras mente, memória, conduta, vigília, “eu”, emoção, pensamento e conhecimento.
Em Percepção Unitária ocorre só a intensa observação, na qual se dissolve esse produto do pensamento que é o “eu” (e que é, por vezes necessário).
Uma vez me disseram, um tal João, que ao despertar pela manhã ele é Juan e não Rúben.
Mas o joão com minúscula, dos sonhos do adormecido João, com maiúscula, desaparece quando desperta Juan com maiúscula. E se João com maiúscula, passa da sua vigília habitual em Percepção Fragmentaria (Âmbito C), à vigília verdadeira do Âmbito B, em Percepção Unitária, desaparece do inconsciente o João com maiúscula também.
Quer-se dizer, na pura observação da Percepção Unitária cessa o observador.
Mas no Âmbito C funcional, o “eu” organiza a memória para predizer e operar no ambiente.
Este mesmo “eu” funcional pode desaparecer em Percepção Unitária, quando não se necessita predizer e operar.
Mas não existe um centro nervoso anatómico que funcione como “eu”.
A memória produz o “eu” para dar-lhe continuidade, mas não existe o centro nervoso chamado “eu”.
O “EU” é um produto do pensamento. Nada mais e nada menos.
A Percepção Unitária não é percepção sensorial.
Com certa flexibilidade semântica, há que diferenciar a interpretação que ocorre na percepção sensorial, da ausência de interpretação que há em Percepção Unitária.
Em Percepção Unitária,a percepção ocorre ANTES que intervenha a interpretação do pensamento.
É muito curioso que os mais grandes cérebros do século 20 não puderam conceber nada na mente humana que não fora pensamento, memória e conhecimento.
Isto também tornou incapaz de descobrir o que existe mais além do pensamento.
Nisto não se diferenciaram (com excepção de Leibniz e o seu conceito de Mónada, ou de David Bohm com o seu conceito de Holokinése) dos cérebros mais destacados dos últimos 300 anos.
Por exemplo, Alfred North Whitehead, escreve “Ciência e o Mundo Moderno”. Ali, cita Descartes no capitulo “Ciência e Filosofia”, dizendo:
“Eu creio ver luz, escutar um som e sentir calor, isto não pode ser falso. Isto é o que em mim se denomina adequadamente por perceber (sentire em Latim), no qual não é nada mais do que pensamento.”
Obviamente, Descartes não só não pode perceber unitariamente, senão que começa por denominar “crença” às suas percepções.
Reduz as suas percepções a uma forma de pensar absolutista, que é a crença.
Para Descartes perceber, sentir e pensar eram a mesma coisa!
Muitos, hoje em dia continuam a pensar assim.
Para cúmulo, em alguns idiomas como o alemão, não há muita diferença entre pensamento e percepção.
Por isso somos conscientes, que apesar da linguagem polida e simples, pode resultar difícil compreender o que dizemos, que a Percepção Unitária é o feito mais importante da mente, o menos conhecido, e que pensar na Percepção Unitária não é Percepção Unitária.
Também dizemos que o pensamento racional não é permanentemente necessário. Contudo, este mesmo pensamento racional pode ser abarcado pela Percepção Unitária.
É possível meramente pensar acerca da Percepção Unitária, mas isso é apenas mais um pensamento.
Por outro lado, pensar enquanto estamos em Percepção Unitária é algo completo e profundo, que vai mais além do pensamento.
O grande Whitehead cita também Henry Sidgwick: “ É o objectivo primário da filosofiaunificar completamente, trazer a uma clara coerência, todos os departamentos do pensamento racional.”
Com estes antecedentes reducionistas quiçá resulte difícil aceitar ou compreender o que dizemos; que o pensamento poderá unificar fragmentos pequenos da realidade para construir um grande fragmento da mesma (uma teoria científica por exemplo), mas o contacto com a realidade indivisa só pode ocorrer mais além do pensamento, através da porta estreita que é a Percepção Unitária.
Em Percepção Unitária não “unificamos” mas damos conta que “tudo já está unido”.
Whitehead parece bloquear esta compreensão quando insinua que “Leibniz e a novidade das suas mónadas estão nos extremos que jazem fora dos limites de uma segura filosofia.”
Whitehead expulsa Leibniz da sua concepção de filosofia ao pô-lo fora da filosofia pelo seu conceito de Mónada.
Claro, todavia Whitehead não sabia que em 1957 Keith e Upatnicks construiríam o holograma (do grego holón=todo e grama= escrita) na Universidade de Michigan nos Estados Unidos, baseando-se em sugestões de Denis Gabor, quem por sua vez havia utilizado o cálculo Diferencial e Integral de Leibniz.
Quando Gabor recebe o Prémio Nobel, publicam-se novamente na Europa os livros de Leibniz, 200 anos depois da morte deste.
Surpreendentemente, contudo, ainda hoje, em pleno começo do século 21, é maior a influência de Descartes e Whitehead que a de Leibniz, Gabor e o holograma.
Whitehead não parece conceber a religião mais do que “como uma maneira de pensar”.
Jiddu Krishnamurti disse, referindo-se a quem escreve, no ano de 1985 em Londres:
(traduzo do inglês parcialmente)
O que é a criação?
Existe diferença entre criação divina e invenção humana?
Falávamos no outro dia com um médico excelente, um médico de primeira classe, não um desses médicos que fazem dinheiro, se não um medico com um bom cérebro.
Estava ele a dizer-me que há uma parte do cérebro que sempre pode ser activada. Posso estar a dizer isto de uma forma equivocada, cuidado, não aceitem inteiramente deste que fala, o que diz sobre o assunto.
Ele usava uma palavra técnica que eu não conhecia.
É melhor não entrar por aí, porque é algo complicado.
Pode o cérebro entender o que é a criação?
Ou é que o cérebro está baseado na experiência, no conhecimento, em acumular, aprender, memorizar, etc.?
Pode esse cérebro entender o que não se pode medir?
Entendem o que digo?
Estamos juntos nisto?
Nunca mais usaremos a palavra meditação. Espero que não se importem.
Essa palavra significa medida em sânscrito e nos dicionários etimológicos.
Não discutiremos essa palavra, porque se revelou ser uma palavra estúpida.
Sentar-se numa determinada postura, respirar de certa maneira, concentrar-se e fazer um tremendo esforço para alcançar o quê?
A cenoura que se encontra diante do burro?”…
Necessidade de estudo e diálogo:
A tremenda importância do redescobrimento da Percepção Unitária merece o estudo da Obra Escrita sobre o tema e um dialogo constante para aclarar o que é e o que não é a Percepção Unitária.
Estes são os livros que se podem ler hoje sobre este tema extraordinário:
Livros sobre Percepção Unitária, o feito mental mais importante:
“A Percepção Unitária”
“O Novo Paradigma em Psicologia”
“Psicologia do Século 21”
Inéditos:
“O Profundo da Mente”
“A Mente e a Realidade Indivisa”
“RFG 2002-2003”
“RFG 2004-2005”
“RFG 2006”
De Luís Córdova:
“Resumo de Diálogos sobre Percepção Unitária”
Em inglês:
“The Great Leap of Mind”
A Percepção Unitária é a essência última da psicoterapia.
Essa essência não se encontra no passado nem na busca no passado.
Trata-se de uma função cerebral, por isso não é uma teoria, uma crença, uma filosofia ou uma técnica psicoterapêutica.
A Percepção Unitária é um feito mental, não estudado ainda na Psicologia Académica.
É tão importante como a memória ou o pensamento.
Se bem que a Percepção Unitária ocorre somente no presente imediato, não podemos dizer que se trata de viver o presente.
O presente pode ser vivido em três âmbitos mentais diferentes: C, B e A.
Muitas vezes disse que a Percepção Unitária é o mais importante da psicologia humana.
Isto pode soar a “fanatismo absolutista”, mas na realidade não faço mais que tentar informar sobre algo que vivi na minha própria experiência e não algo que li em livros.
Digo um pouco metaforicamente, apesar de tentar não usar metáforas para não criar confusões sobre algo tão importante, que existem três âmbitos psicológicos, mas nós conhecemos somente um.
Âmbito C:
Chamemos-lhe a esse Âmbito psicológico que é a nossa prisão psicológica e que é tudo o que conhecemos; “Âmbito C”. Nesse pequeno circuito psicológico cabe a linguagem, o símbolo, o número, a memória, a imaginação, a fantasia, o pensamento, as crenças, as ideologias, a ciência, a metafísica, a filosofia oriental e a filosofia ocidental. Digamos que o Âmbito C é todo o conhecido, por assim dizer, puro pensamento.
O pensamento oriental segue sendo pensamento e com o pensamento não podemos ir mais além dele.
Mas é mais além do pensamento e a palavra, mais além do “EU”, onde existe, na nossa própria mente, a Percepção Unitária.
Os templos, as organizações chamadas “religiosas”, as hierarquias, os ritos gratuitos ou bem elaborados das assim chamadas “igrejas” ou organizações religiosas, a música, etc., não são mais que produtos do pensamento e nada mais que parte do Âmbito C, tudo o que conhecemos.
O sagrado começa mais além do conhecido, uma vez que abandonemos todo o conhecido, começa a vida verdadeira e honesta em Percepção Unitária.
No evangelho cristão original, isto se estudava com a palavra grega “metanoia”, que quer dizer “ir mais além de todo o conhecido”, mas que foi mal traduzida como “arrependimento” ou “conversão”.
Pode ser um pouco comevedor compreender que 99% dos seres humanos em todo o planeta, nascem, vivem, reproduzem-se, educam-se, trabalham e morrem no Âmbito C da mente: só memória, pensamento, imaginação e o “EU”.
Uma vida imaginária.
Linguagem do Âmbito C:
A linguagem egocêntrica, a linguagem hipnótica e temporal utilizam-se na vida diária como a conhecemos no Âmbito C.
Estas linguagens começam a desaparecer espontâneamente quando o ser humano vive no Âmbito B, que é a Percepção Unitária.
Graças à Percepção Unitária, entende-se que o tempo é irrelevante, apesar de ser também absoluto e relativo. Contudo, em Percepção Unitária descobre-se a hipnose geral (que é a essência do pensamento ), na qual vivemos, e o crescente egocentrismo divisório da humanidade.
As três linguagens mencionadas usam-se na técnicas hipnóticas e psicoterapeuticas, que são o produto do pensamento e da sua Percepção Fragmentária.
A sobrevalorização do pensamento, que nos faz crer que não existe nada fora do Âmbito C (fora do conhecido), trouxe consigo a degeneração da humanidade, a crescente divisão entre os seres humanos em ricos e pobres, nações, crenças, religiões organizadas, ideologias e diversas filosofias.
Âmbito B:
Mas existe outro Âmbito psicológico que podemos chamar de “Âmbito B”, o Âmbito bom.
As suas leis e o seu funcionamento não são os do Âmbito C.
O observador (você e eu) pode pensar e conversar sobre o Âmbito B mas assim não se entra neste Âmbito psicológico bom.
Pensar e falar sobre o Âmbito B continua a ser o Âmbito C.
Este Âmbito B é o da Percepção Unitária, que defino como perceber todo o perceptível ao mesmo tempo com a mente em completo silêncio.
Se o pensamento e a linguagem pensada continuam (apesar de se intentar dete-los por um momento) então há que perceber a palavra e a imagem pensadas como se fossem mais outro som.
Aquele que escuta em Percepção Unitária não escuta “algo”. Escuta todo o som ao mesmo tempo, em silêncio mental, sem dar nome aos sons.
Toda a minha Obra Escrita trata deste tema, que considero o mais importante para o ser humano: a Percepção Unitária.
Âmbito A:
Se se vive no Âmbito B, Âmbito que abarca o Âmbito C, não como uma técnica que se pratica por momentos, mas como forma constante de vida, então pode ocorrer como contingência (e não como conseqüência) o Âmbito A, que eu chamo “Aquilo” – ou sagrado – já que não se pode descrever nem definir. “Aquilo” é como o Âmbito celeste da psicologia.
Esse Âmbito A é a consciência cósmica,a mente universal que se percebe psicológicamente como harmonia, ordem, gozo de viver, vive-se contente por nenhuma causa, grande energia, que se sente concretamente em todo o corpo e o amor por todos os seres vivos.
Vivi nesse espaço do sagrado, e é, sem dúvida, algo bendito e inefável.
Quando tratei de descrever a minha experiência no Âmbito A aos meus amigos de todo o planeta, os meus amigos cristãos disseram que havia chegado a mim o Espírito Santo.
Entre os que afirmaram isto estava o Custodio do Santo Sepulcro, o monge e sacerdote franciscano Rafaele Angelisanti.
Os meus amigos hindus disseram-me que eu era um Boddhisatva Viriadika.
Na Índia alguns viram-me como um iluminado.
Quando disse a Jiddu Krishnamurti em 1979, que “Aquilo” (o Âmbito Sagrado) havia chegado, disse-me que já o sabia e pediu-me: “Fale e não espere nada nem nenhuma coisa.”
A iluminação tem como feito essencial dar-se conta que os seres humanos são todos UM.
A iluminação (que não pode buscar nem conseguir “o eu”) não faz de nós infalíveis, nem perfeitos e sem defeitos. O verdadeiro iluminado não pretende carecer das debilidades próprias da sua condição humana. A iluminação não otorga autoridade alguma, por cima da amizade.
Digo tudo isto porque existe tal coisa como a iluminação e porque uma atitude menosprezável para com esta palavra existe e deve cesar.
A Psicologia conhecida:
A psicologia como a conhecemos e tudo o que conhecemos é apenas e só o Âmbito C. Esse estreito Âmbito está dominado pela palavra, o número e o símbolo. Ali vivem os seres humanos constantemente e sem sair dele, como num eterno pesadelo. Nesse Âmbito C vivemos uma vida simbolizada, imaginária, mas não a vida verdadeira. A vida verdadeira começa em B.
O Âmbito C é funcional na ciência (como a conhecemos), mas mais além do seu uso funcional torna-se conflictivo (com o seu medo, a sua raiva e tristeza repetitivos).
O pensamento não funcional é um pesadelo conflictivo, vivido na vigília.
De esse pesadelo (Âmbito C) sai-se apenas e só intentando viver em Percepção Unitária (Âmbito B).
O despertar do constante pesadelo do ser humano é começar a viver em Percepção Unitária.
Compreende-se a tremenda importância do Âmbito B?
As diversas técnicas psicológicas CONHECIDAS, são um produto do pensamento e ajudam ao observador a adaptar-se melhor aos pesadelo do Âmbito C não funcional.
No entanto, a Percepção Unitária tira-nos do Âmbito C, apesar de o abarcar.
Por isso é possível pensar e memorizar muito bem em Percepção Unitária.
Mas não é com o pensamento e a memória que entramos no Âmbito B.
Não é possível ser livre psicológicamente nem conhecer o amor, a profunda inteligência ou alegria por nada até que se viva constantemente no Âmbito B da Percepção Unitária.
A humanidade inteira está atulhada no Âmbito C, ignorando o Âmbito B, e por isso cresce a miséria econômica, moral e espiritual.
A humanidade está escravizada pelo Âmbito c e busca desesperadamente a solução a todos os problemas dentro desse Âmbito que só pode criar problemas, mas não soluciona-los.
Os três Âmbitos estão no nosso cérebro, no nosso corpo-mente, e por isso digo que a saída não é sair.
A saída é o Âmbito B da Percepção Unitária.
É inútil intentar viver no Âmbito A desde o Âmbito C, o conhecido.
A esse Âmbito A sagrado não se entra por vontade, nem por controlo mental em com droga alguma. Mas é possível intentar viver no Âmbito B, que é onde se percebe frequentemente (com sorte) o Âmbito A.
Não é possível entrar no Âmbito A voluntariamente.
O acesso ao Âmbito A ocorre desde o Âmbito B.
A descrição da Percepção Unitária é, ao mesmo tempo, a maneira de estar nela. Escute bem isto: a Percepção Unitária é perceber todo o perceptível ao mesmo tempo em completo silêncio mental. Se o ruído do pensamento não funcional persiste, então a Percepção Unitária percebe o pensamento como se fosse mais um som, em todo o som, que se está escutando ao mesmo tempo.
Não se necessita esforço nem complicação alguma para escutar completamente.
Se o amigo não o está fazendo agora mesmo, está postergando a Percepção Unitária.
Se comparamos a Percepção Unitária com qualquer coisa conhecida, estamos abandonando o Âmbito psicológico B para regressar ao familiar Âmbito C.
Descubra por você mesmo, não permita que seja uma bela história de Ruben (este que escreve).
Necessitamos ganhar o pão decentemente sem saquear legal ou ilegalmente, sem vender armas nem bebidas alcoólicas, tabaco, estupefacientes, nem órgãos do corpo humano nem crianças orfãs.
Mas o pensamento funcional que todos necessitamos para ganhar o pão não tem por que ser algo problemático.
O medo, a raiva e a tristeza de ganhar o pão quotidiano vem quando o “conhecido” quer multiplicar-se e ser “duplamente conhecido”. Isto ocorre quando queremos fama, status, prestigio, hierarquia, quando queremos ser “mais importantes que os outros”, quando queremos ser muito reconhecidos (duplamente conhecidos) para que nunca nos esqueçam e quando invejamos aos que são reconhecidos. Aí começa problema de ganhar o pão.
Mas observando bem em Percepção Unitária o problema deixa de existir imediatamente.
É importante compreender que quando aprendemos a definição da Percepção Unitária, esta é uma aprendizagem acumulativa que ocorre no Âmbito C.
O que aprendemos inevitavelmente passa a ser algo conhecido.
Mas no Âmbito B começa uma aprendizagem NÃO ACUMULATIVA.
O Âmbito psicológico B abarca o Âmbito psicológico C, mas o inverso não ocorre.
Isto significa que estando em Percepção Unitária, posso falar desta ou ensiná-la a outros.
Mas o mais comum é que falemos da Percepção Unitária sem estar em Percepção Unitária, sem estar no Âmbito psicilogico B.
Há que recordar que o Âmbito C é tudo o que conhecemos e portanto o que nos resulta mais familiar.
Por isso digo que a humanidade vive na prisão psicológica do Âmbito C e que mesmo saindo desse terrível prisão, por estar alguns minutos em Percepção Unitária, o mais provável é que regressemos ao Âmbito psicológico C.
O que fiz com os meus amigos e com a minha esposa foi um pacto para recordar-mo-nos constantemente, uns aos outros, que existe o Âmbito B, a mente em silencio que escuta totalmente sem conflito e sem esforço.
Esse pacto é o mais importante do matrimonio e o mais importante de uma amizade.
Esse pacto pode degenerar em condenar o outro por não estar no Âmbito Bom da Percepção Unitária, ou por continuar no Âmbito Conhecido, do conflito.
Pacto esse, que serve apenas para recordar mutuamente que existe um Âmbito psicológico onde reina a paz profunda, uma paz sem raiva, sem inveja e sem o desejo de sobressair.
Lamentavelmente a grande maioria dos seres humanos escutam desde o Âmbito C e repetem por vezes este ensinamento, mas desvirtuado pela palavra, o símbolo e número.
A inteligência do Âmbito C não é suficiente para compreender o Âmbito B.
É necessário mutar psicologicamente pela transformação do acto da percepção.
Deve começar, semesforço, a Percepção Unitária. Por assim dizer, há que perceber constantemente todo o perceptível ao mesmo tempo, em grande silencio mental.
É muito difícil que se tome isto seriamente, dia a dia, minuto a minuto, dia e noite.
Não é possível conceber o Âmbito B desde o Âmbito C.
Há que saltar ao Âmbito B, coisa que só é possível em Percepção Unitária.
Este é o mais grande salto que a mente individual pode realizar de maneira voluntária.
Por isso o meu livro em Inglês intitula-se “ O Grande Salto da Mente” ( The Great Leap of Mind).
No Âmbito C só existe conflito grosseiro ou conflito subtil.
Quando recordamos o passado agradável existe grande conflito subtil degenerativo, mas disto não se dá conta aquele que não está em Percepção Unitária.
O pensamento inventa realidades paralelas à verdadeira realidade.
Por certo, o amigo terá escutado, muitas narrativas chamadas “espirituais”, que se conhecem como “os caminhos da Nova Era”.
Mas a verdadeira realidade só se pode perceber desde o Âmbito psicológico B, que é a Percepção Unitária.
A estrutura do nosso sistema nervoso faz com que exista um só caminho à vida verdadeira: a Percepção Unitária.
Mas não é um caminho. Começa exactamente aqui mesmo, onde estamos, agora mesmo.
Estamos fazendo isso?
A Percepção Unitária não é uma coisa mais na vida. É a vida.
O lamentável é que a humanidade, na sua maioria, prefere viver nas realidades inventadas pelo pensamento de nós mesmos ou do pensamento dos demais.
Há uma fome de abstrações e narrativas filosóficas, ideológicas, literárias e metafísicas, que nos impedem viver a vida verdadeira da Percepção Unitária.
A Percepção Unitária é a única maneira de se ser feliz naquilo que se faz, amando sem conflito, amando sem esperar ser amado.
A relação verdadeira só ocorre no presente imediato da Percepção Unitária.
Temos que deixar de imaginar a vida e começar a viver verdadeiramente agora mesmo.
Se nos pergunta-mos porque o ser humano não vive em igualdade econômica com todos os seres humanos e porque não cessaram as guerras em 5000 anos de história escrita, temos agora a contestação: o ser humano não estava funcionando com todo o cérebro.
O que vê é tudo o que há e nessa imensidade está o amor e a felicidade.
Poderíamos dizer que o que vê é a consciência universal.
A consciência universal vê-me pelos vossos olhos.
O pensamento inventa realidades paralelas, parciais, fragmentárias que estão alheias ao que vê.
O que vê não tem nada que ver com o “eu” que o pensamento individual e colectivo inventou e que leva o nosso próprio nome.
O “eu” não vê, porque o “eu” não exerce nenhuma acção.
Dizemos “eu respiro”. Não é assim, o “EU” não respira, se não que está ocorrendo a respiração.
Dizemos “eu durmo”. Não é verdade, o “eu” não dorme. O dormir ocorre. A insónia ocorre e não se pode dormir por vontade.
Dizemos “eu cresço”. Tão pouco é verdade.
Por isso é que o mais importante não é conhecer-se a si mesmo, se não dar-se conta por nós mesmos que o que vê está encoberto pelas imagens, símbolos e palavras que o pensamento inventa.
Uma função cerebral redescoberta:
Respirar e dormir são funções cerebrais inconscientes. Por assim dizer, não são um produto do pensamento humano.
A Percepção Unitária é também uma função cerebral (consciente), que não é um produto do pensamento.
O Fundamento de toda a acção:
É possivel falar, caminhar, banhar-se, trabalhar, calar-se, descansar em Percepção Unitária.
Por isso dizemos que a Percpção Unitária pode ser o fundamento de toda a acção humana, se se intenta constantemente como uma maneira verdadeira de viver.
Define-se a Percepção Unitária como “dar-se conta de todo o perceptível, ao mesmo tempo, JÁ MESMO, sem nomear, sem comparar e sem esforço”.
Na definição de Percepção Unitária há, pelo menos, quatro elementos:
1) Dar conta implica que falamos do FACTO de se tomar consciência de algo.
Os conteúdos do inconsciente passam pela consciência, mas se não existe a paz sem dualidade nem eleição, quer dizer, se não existe a Percepção Unitária, essa mesma paz que permite ver as coisas como são, na mente, sem desejar transformá-las, tão pouco seremos conscientes dos conteúdos do inconsciente que podemos perceber.
2) Todo o perceptível implica que não nos damos conta de algo ou alguém somente, mas de TUDO o que passa pela consciência. Por exemplo: não se trata de escutar somente os pássaros quando caminhamos num bosque, mas de escutar todos os sons que chegam ao ouvido, desde o cérebro.
3) Ao mesmo tempo implica que se queremos que o cérebro opere como uma unidade, expressando o seu máximo potencial, é necessário perceber tudo o que podemos perceber ao mesmo tempo.
Para isso não se necessita de esforço. Trata-se de uma maneira de viver.
O peso, o som e todo o campo visual podem ser percebidos ao mesmo tempo, em quietude e em paz.
4) AGORA MESMO implica o único momento em que a Percepção Unitária é possível.
Pensar na Percepção Unitária é postergar o FACTO da Percepção Unitária, que está ocorrendo AGORA MESMO ou não.
Na paz a todo o nível, que gera imediatamente a Percepção Unitária, está a necessária mutação psicológica.
Então começa uma forma de viver, ver e escutar que não conhecemos.
São as palavras com que interpretamos O FACTO de ver e escutar ao mesmo tempo, que impedem de ver e escutar dessa nova forma: AO MESMO TEMPO.
Uma ciência sem precedentes:
No século 20 começa, em 1905, com a publicação da Teoria da Relatividade de Einstein. Isto move o mundo científico.
De Broglie fala em 1922 do paradoxo quântico: o electrão é partícula e é onda ao mesmo tempo.
Na década de 50 aparece o holograma, uma tecnologia fotográfica onde se confirma a relatividade do espaço-tempo.
Isto dá lugar ao aparecimento, em neurologia, da memória holográfica ou holónomica apresentada por Karl Pribram.
A memória está em todo o cérebro e não num centro cerebral chamado “engrama”.
Também na Fisica aparece David Bohm com a sua teoria da Holokinése ( o holograma do cosmos em movimento e não fixo no plano).
A Holokinése, diz Bohm, é o movimento que está ocorrendo em todo o cosmos desde aqui até aqui, entre a Ordem Explicada da Matéria-Mente-Energia e a Ordem Implicada (aqui mesmo) da Matéria-Mente-Energia.
Bohm concebe a Criação de maneira científica pela primeira vez na história escrita.
Com tudo isto muda-se a interpretação da Matéria, da Mente e da Energia.
A Mente pode agora conceber-se como o interface (universal) entre a Matéria e a Energia Universais.
A Mente é tão Universal como a luz (energia) e como o sódio (matéria).
Muda a noção de Movimento, que apesar de ser de aqui até ali, agora pode ser de aqui até aqui.
Com isto revoluciona-se a interpretação científica do Tempo, que agora é irrelevante, como descobre David Bohm, apesar de ser absoluto para Newton e relativo para Einstein.
Nova definição de “Mente”:
Há que redefinir a palavra “Mente”.
Agora a mente é não é somente o produto da interacção entre o observador e o seu ambiente desde o útero até a morte.
Agora a mente é também Percepção Unitária, quer dizer, o contacto consciente do cérebro com a energia da Holokinése.
Sigmund Freud falou-nos da Memória Epigenética. Agora há que falar da Mente genética, homeostática, perinatal, epigenética e Holokinética.
E a mente Holokinética é a Percepção Unitária.
Agora cabem na Psicologia Científica os conceitos de Duas Ordens Mentais, Implícita e Explícita, e de Três Âmbitos Mentais: C,B e A.
A Ordem Implícita não é o Inconsciente.
O Pensamento é 99% inconsciente e incoerente, como a memória e o “eu”.
Mas a Percepção Unitária é somente consciente na vigília.
E é parte do Sono S-4 no sono – Mol-4.
O professor David Bohm escreveu em 1984, uma introdução para o meu segundo livro “ A Percepção Unitária” – Editorial Orión, México.
Esse ano foi um ano muito agitado na minha vida pessoal e cheguei a esquecer dessa introdução e o livro publicou-se sem ela.
No início do ano 2000, 16 anos depois, o amigo Luís Córdova, re-descobriu essa introdução de cinco folhas, que finaliza assim:
“Quando comecei a investigar em novas áreas, colaborei com Albert Einstein e conheci Jiddu Krishnamurti. Trabalhei como Decano da Escola Secundaria que ele fundou em Brockwood Park, perto de Londres.
Comecei a observar a operação da mente e não só o mundo da Natureza.
Na realidade temos que ir muito mais longe que o reino da Física Quântica ou do pensamento científico em geral, à questão mais fundamental do que é e o que constitui o processo de pensar.
Dei-me conta das maneiras em que o pensamento fragmentário toma forma e da quase imperceptível tendência a crer que estas divisões se correspondem com a estrutura acual da realidade.
A minha tese é um novo ponto de partida para um estudo real da relação entre consciência e pensamento.
O aparecimento da obra escrita do Dr. Rubem Feldman González constitui uma inovação no campo da psicologia. Esta obra lida com as ordens implícita e explícita da realidade e de como se relacionam com a psicoterapia, com a educação e a relação humana em geral.”
David Bohm – 1984.
A necessária ilusão do “EU”
O pensamento produz o “eu” para dar continuidade à memória.
O “eu”, como o pensamento e a memória que lhe dão origem, é maiormente inconsciente e incoerente.
Com o aparecimento do “eu” nasce a origem de todo o conflito.
Chamamos “conflito horizontal” a esta emergência, que definimos como a crença de que o observador está inexoravelmente separado do observado.
O “Eu” pode fazer-nos cair no imenso erro de crer que a Percepção Unitária é somente mais um conhecimento.
Assim, o âmbito C, substitui o âmbito B e que impossibilita a vivência real da Percepção Unitária. Isto, lamentavelmente, por ser familiar para o sistema nervoso central, ocorre muito frequentemente, mesmo depois de um seminário de Percepção Unitária ou de ler a literatura recomendada.
Nova Visão do Pensamento:
1) A complexidade do âmbito C explica-se quando falamos do Processo M.E.T.A. – Mnemônico, Eidético, Tímico e Autonómico, que é uma nova visão de como funciona o nosso pensamento individual e colectivo.
2) Este novo estudo do pensamento complementa-se com o facto de que a Percepção do pensamento é Fragmentária, algo necessário para a sobrevivência sobre a terra.
3) Compreende-se como o pensamento individual e colectivo, consciente e inconsciente, é uma forma de hipnose, analizando a “Experiência de Bernheim”.
No meu livro “A Percepção Unitária”, incluí um dialogo que tive com uma professora de Caracas, Venezuela, entitulado “Dialogo com uma Princesa”, onde se vê claramente como um simples poema, aprendido na infância, pode condicionar um indivíduo hipnóticamente, para viver toda a sua vida (devastadoramente) em concordância com esse mesmo poema.
Apenas podemos imaginar como condicionam e limitam as nossas vidas as canções populares, a música, as palavras dos nossos pais, avós e professores, os filmes que vimos, etc.
Isto se comprova vivendo em Percepção Unitária, à medida que vamos vendo, dia a dia e de instante em instante, cada um dos nossos condicionamentos hipnóticos: o nacionalismo, as crenças, as ideologias e todas as formas de divisão entre os seres humanos.
4) Estuda-se o paradoxo e a comparação, como parte inexorável do pensamento. Mesmo que se compare a Percepção Unitária correctamente com algo conhecido, esse acto de comparação confina a Percepção Unitária ao âmbito C, como um mero pensamento.
Mas a Percepção Unitária pode ocorrer realmente e somente no âmbito B.
5) Através de um gracejo de Jiddu Krishnamurti vemos que o pensamento pode contestar qualquer pergunta, com ou sem compreensão desta, com ou sem integridade moral:
“Um indivíduo pergunta a um computador: – existe Deus?”
O computador decompõe-se.
Depois de consertado o computador, repete-se a pergunta.
“Agora sim,” responde o computador.
6) O âmbito C é o único que estuda a Psicologia como a conhecemos.
7) Já nos referimos ao Conflicto Horizontal do pensamento.
O Mito da Centelha Divina:
A crença numa centelha divina dentro do observador, faz pensar no “EU” como parte dessa mesma centelha.
Assim se crê que “o pensamento vem do observador”.
O pensamento sobrevalorizou-se enormemennte.
Na realidade o pensador é um produto do pensamento.
Em Percepção Unitária existe pensamento mas não um pensador.
Isto não significa que não haja uma Centelha Divina em nós. Simplesmente significa que não há acesso a essa Centelha Divina através do Pensamento.
Quando não ensinar Percepção Unitária.
Alguém que sofra de atraso mental não compreende a Percepção Unitária.
Alguém que sofra de esquizofrenia não compreende a Percepção Unitária.
Em casos de Déficit de Atenção e de Depressão Unipolar ou Bipolar, é necessário que a pessoa seja acompanhada com tratamento médico, antes de iniciar o intento de compreender a Percepção Unitária.
O atraso mental existe em 3% da população.
A esquizofrenia em 1% da população.
Isto significa que 96% dos seres humanos podem reaver a Percepção Unitária.
O Stress e a Percepção Unitária:
O stress laboral (excesso de trabalho), o stress matrimonial (relação conjugal conflictiva), o inevitável stress inter-pessoal, que surge de viver numa sociedade baseada no proveito financeiro, na fraude, na venda de armas e na invenção necessária de inimigos para vender armas, o stress por negligenciar o sono e não dormir as 9h diárias necessárias para manter a saúde, a falta de exercício racional e por uma alimentação irracional (stress biológico), diagnosticam-se graças à Percepção Unitária.
O intento da Percepção Unitária por uma pessoa sob stress pode dar no seguinte:
Sonolência
Cefaléia
Formigueiro
Palpitações
Se se reconhecer, ao intentar a Percepção Unitária, um ou mais destes sintomas, há que planear racionalmente reduzir o stress.
Se não se reduzir o stress, este complica-se com uma ou mais das seguintes doenças:
Gastrite
Pressão Arterial Alta
Artrite
Baixa Imunidade
Benefícios da Percepção Unitária:
O primeiro benefício da Percepção Unitária é o contacto total e sem distorção com a realidade.
O intento de viver em Percepção Unitária traduz-se imediatamente numa profunda paze num relaxamento não procurado. Termina o conflicto.
Melhoram, nessa paz, todas as relações pessoais e inter-pessoais.
Regenera-se o corpo, aumenta a energia acessível, a imunidade e se rejuvenescem todas as funções fisiológicas.
Podem inclusivé curarem-se algumas doenças. Existem casos de cura de gastrite, artrite, hipertensão, sinusite e alergia respiratória.
Estamos a estudar a recuperação de Enrique Rodriguez de Mexicali, que sofria de uma doença incurável.
Despertam-se centros cerebrais que deixaram de actuar por fala de uso
A actividade de esses centros conhecia-se na Índia como “Siddhis”.
A professora Pupul Jayakar, uma conselheira de Indira Gandhi, biógrafa de Jiddu Krishnamurti e Doutorada em Estudo Comparativo das Religiões, disse na Índia, que a Percepção Unitária é o Maha Raja Yoga, o mais grande e elevado doa Yogas.
A Percepção Unitária como Psicoterapia
Trata-se de ensinar a transição do âmbito C ao B.
É importante viver em Percepção Unitária, antes de intentar ensiná-la.
A educação teórica holokinética, sobre a Percepção Unitária pode ser necessária quando o paciente resiste com racionalizações do tipo: “ Isto é estúpido, demasiado simples, não tem relação com o meu problema nem com a minha vida”.
Convém fazer um contrato firmado, no qual o utente compromete-se a participar num mínimo de 12 sessões de Percepção Unitária, deixando bem claro que não se trata de uma técnica mas de uma forma de vida integral, compassiva, responsável e pacifica, na qual o medo e a hostilidade inter-pessoal vão-se vendo diariamente em Percepção Unitária.
Pede-se ao utente que faça pactos com o seu conjugue e seus amigos, para ajudarem-se mutuamente a viver em Percepção Unitária. Esse pacto é o mais valioso de um matrimónio ou uma amizade.
Em sessões de 45 minutos não se estimula a narrativa pessoal, busca-se o silencio mental, sem linguagem pensada e falada e a Percepção Unitária.
Evita-se a linguagem egocêntrica (vamos alcançar a Percepção Unitária), hipnótico (há que pensar positivamente), temporal (amanhã vamos conseguir).
Temos que fazer com que esta nova linguagem seja a nossa linguagem em Psicologia, já, pelo contrário, contribuiremos para a confusão que reina nessa terra de ninguém que é a Psicologia actual.
A linguagem que usamos é bastante pulida desde o ponto de vista semantico e epistemológico.
A linguagem foi confirmada pela experiência pessoal de muitos investigadores, incluindo este que escreve. Isto faz com que seja precisa e simples. Mas essa simplicidade surge de muitas e profundas compreensões científicas, epistemológicas, exegéticas e vivenciais.
Sem estas compreensões, uma linguagem simples como a da Psicologia Holokinética, pode ser usada de maneira inadequada pelo neófito.
A nossa linguagem tem de estar sintonizada com a Percepção Unitária, que é a acção mais importante e a menos conhecida da mente humana.
Também temos que ver a nossa resistência a usar a nova linguagem, condicionados pela velha linguagem incoerente da Psicologia do séc.XX.
Desde 1986, utilizamos uma nova definição da palavra “mente”, como vimos anteriormente.
Estou ensinando Percepção Unitária em todo o planeta através de convites universitários.
É necessário descrever a Percepção Unitária depois de tê-la vivenciado. É nosso costume é conformar com rápidas definições intelectuais ou com meras comparaçõesentre factos conhecidos.
Lamentavelmente a Percepção Unitária é um facto excluído da cultura e da educação em todo o planeta. A Percepção Unitária é uma mente nova, uma mente de grande energia e paz, uma mente que não inventa inimigos para vender armas. A Percepção Unitária é uma nova maneira de viver, não é um mero exercício ou uma mera técnica, como esses exercícios e técnicas que se vendem no supermercado chamado “espiritual ou metafísico”. A Percepção Unitária pode ser a base de uma nova psicoterapia, na qual ingressa o desconhecido agora mesmo, quer dizer que essa nova psicoterapia não se baseia na memória, no conhecimento, exercício e técnicas especiais, senão no contacto de ir percebendo em silêncio todo o perceptível ao mesmo tempo, agora mesmo.
Nos últimos trinta anos viajei por todo o mundo para falar da Percepção Unitária e iniciar grupos de exploração para descobrirem juntos o que é e o que não é a Percepção Unitária.
Exames
Depois dos cursos e seminários que transmito é possível tomar um exame não obrigatório, que não tem a pretensão de saber se alguém vive em Percepção Unitária.
O exame serve somente para avaliar a capacidade de falar sobre o tema com alinguagem adequada para aquele que se deu ao trabalho de estudar as bases da Percepção Unitária.
É possível ter um dialogo mais preciso e claro quando se usa uma linguagem adequada sobre um tema qualquer, mas sobretudo quando falamos do mais importante da vida.
O exame permite-nos saber com quem é possível dialogar seriamente sobre Percepção Unitária.
Medidas como esta serão necessárias à medida que a Percepção Unitária penetra na educação e na cultura.
É imperativo impedir que a Percepção Fragmentaria, na qual se baseiam a cultura e educação actual, distorçam a Percepção Unitária e a transforme em mais um mero conhecimento.
A Percepção Unitária não é mais um mero conhecimento. É a vida verdadeira.
O Objectivo:
O motivo da Percepção Unitária é desencadear a Psicotransformação Perceptual Global, ou a mutação psicológica, que seja compatível com a vida verdadeira.
Nesta forma de vida diminui o stress, aumenta o silêncio e o amor ao silêncio, a austeridade e a simplicidade tornam-se voluntárias e gozozas, escutando com a mente sem linguagem inecessária (falada ou pensada), buscando a paz e seguindo em paz, sem ansiedade e sem esforço, em júbilo por nada.
Trata-se de assumir completamente o exercício da inteligência, que permite à pessoa transformar-se num individuo (indiviso, integro), vivendo em Percepção Unitária, quando o pensamento e a linguagem não são necessários para actuar, operar e predizer.
A vida em Percepção Unitária é até à morte. De momento a momento.
Esclareço que não se busca o âmbito A (o sagrado), o qual só chega quando se vive constantemente no âmbito B, da Percepção Unitária.
O terapeuta deve ser capaz de ver claramente e compreender a contra-transferencia, em forma de atração sexual, rejeição ou indiferença. Isto dá-se mais quando a pessoa não participa do acto terapeutico de maneira responsável e portanto, não melhora.
Sessões Ulteriores:
Entre as coisas que se vão vendo aparece a “imagem de si mesmo”, a invenção do que e do como sou: “irritável”, “irado”, “tímido”, “triste”, “falador”, “intrometido”, “lacónico”, “teimoso”, “mexicano”, “bósnio”, “negro”, “católico”, “comunista”, “muçulmano”, etc.
Estas imagens são parte do conflito horizontal individual e colectivo, que se manifesta com medo, raiva, hostilidade, mexericos, tristeza e finalmente as guerras incessantes: as guerras napoleónicas, as guerras civis, as guerras entre vizinhos, a guerra do ópio na China, a primeira guerra mundial, a segunda guerra mundial, a guerra fria, Coréia, Vietname, Santo Domingo, Guatemala, Cuba, Granada, Panamá, Angola, América Latina, ex-Jugoslávia, Iraque, Ruanda, Congo e as constantes guerras do séc. XXI, desta vez contra um indefinivel inimigo, o “terrorismo.”
Convém dialogar sobre a frase: “Sobra o que sou, o que fui e o que serei.”
A constância diária em intentar a Percepção Unitária, na sessão, mas também fora dela, reduz o stress, aumenta a imunidade ao resfriado e infecções, provoca a regeneração do organismo, assim como o rejuvenescimento.
Também aumenta enormemente a energia e os idosos chegam a dizer, depois do primeiro intento de Percepção Unitária: “senti a paz e a grande energia orgânica PELA PRIMEIRA VEZ NA MINA VIDA”.
Há que aprender a viver sem o símbolo inecessário, sobretudo a palavra pensada.
A mente silenciosa pode escutar tudo ao mesmo tempo, profunda e completamente.
“A memória e o pensamento inecessários aparecem cada vez que deixamos de viver em Percepção Unitária.”
Isto ocorre muitas vezes durante o dia.
A energia é necessária para viver em Percepção Unitária.
Há que dialogar sobre tudo aquilo que por falta de disciplina e inteligência, esgota a nossa energia: excessiva ou má alimentação, stress laboral, pouco dormir, drogas, tabaco, álcool, ver televisão compulsivamente, usar a internet sem medida, jogar videojogos e até mesmo o excesso de conversa ou falatório insignificante. Isto é mais percepivel nos 7 dias anteriores à menstruação da mulher, no resfriado ou gripe, na anorexia e obesidade.
Há que dialogar sobre a falta de espaços de silencio na nossa vida diária.
Jiddu Krishnamurti aconselha construir uma habitação na casa onde só existe silencio.
O Ensinamento da Lagarta:
A Percepção Unitária é o começo de uma profunda Psicotransformação Global, de imenso beneficio.
Esta transformação psicológica é invisível ao ser humano e não pode expressar-se em palavras já que é demasiado grande para elas.
Na natureza ocorrem transformações visíveis, como a lagarta que se torna borboleta no casulo.
Podemos dizer que a Percepção Unitária é o casulo psicológico invisível em que ocorre a grande transformação psicológica do ser humano.
E como a lagarta, o ser humano não se transforma num super-homem, já que a lagarta não se transforma numa super-lagarta. Transforma-se em algo muito diferente ao que era.
A lagarta não tem hierarquias, como não as tem o homem sério que quere esta transfrmação necessária.
A lagarta não segue a borboleta. O homem que quer a sua transformação não segue o homem transformado.
Não há transformação gradual, ela é imediata.
Necessita-se do casulo para a lagarta e necessita-se da Percepção Unitária para o ser humano que quer transformar-se.
A transformação deve ocorrer ANTES que a morte.
Não há alternativas. Para a lagarta está somente o casulo. Para o ser humano está somente a Percepção Unitária.
Somos o caminho, a verdade e a vida, como disse Jesus Cristo.
Tendo ouvidos não ouvimos e tendo olhos não vemos, disse Jesus Cristo.
A saída do pesadelo que o homem fez da sua vida, não é sair.
A única saída é a Percepção Unitária.
Como respondemos ao Caos actual:
Para actuar responsavelmente, quer dizer, para responder ao caos brutal, que não existe somente no que restou da ex-Jugoslávia, ou da União Soviética, ou em Israel, Iraque, não é inteligente actuar como muçulmano, como hindu, como budista, como católico, como europeu, americano, latino, judeu, árabe.
QUEM DEVE RESPONDER É CADA UM DE NÓS COMO SER HUMANO.
Tampouco é inteligente actuar em fragmentos, em certas actividades, já que todas as actividades humanas estão interconectadas e são interdependentes.
A profunda crise actual da religião, da família, da economia, da educação, da saúde publica, do ambiente ecológico, NÃO SÃO PROBLEMAS SEPARADOS.
Necessita-se da mutação psicológica da Percepção Unitária para ver a necessidade de responder totalmente como ser humano ante o caos que se faz óbvio em TODAS as actividades humanas em TODO o planeta.
É a mente que percebe fragmentariamente que criou o caos em TUDO o que faz o ser humano.
A ordem surge somente da mutação psicológica da Percepção Unitária.
Essa ordem gera-se em cada ser humano por si mesma.
Nenhum ser humano pode gerar ordem e paz noutro ser humano.
Essa ordem e essa paz não chegam se não surgem com a Percepção Unitária.
Disse no meu livro “ A Percepção Unitária”:
A verdadeira libertação vai mais além da necessária libertação do “terceiro mundo” dos paises sub-desenvolvidos, é uma libertação perceptual, uma libertação que destrói os corrais ideológicos, religiosos, políticos, nacionais, filosóficos, conductuais e emocionais.
A libertação perceptual que denominamos “PERCEPÇÂO UNITÁRIA” transforma rápidamente a mente em algo insuspeitável.
Essa transformação é a libertação global do ser humano.